Página:Amor de Perdição (1862).pdf/191

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da sua cella, e encostou-se esvaída á parede. Correram a amparal-a sua tia e criada; mas ella, afastando-as suavemente de si, murmurou:

— Não é preciso... Estou boa... Estes golpes dão vida, minha tia.

E caminhou sósinha a passos vacillantes.

Thadeu batia á porta do mosteiro com irrisorio enfurecimento pancadas, umas após outras, com grande mêdo da porteira e outras madres, espantadas do insolito desproposito.

— Que é isso, primo? — disse a prelada com severidade.

— Quero cá fóra Thereza.

— Como fóra? Quem ha de lançal-a fóra?!

— A senhora, que não póde aqui reter uma filha contra a vontade de seu pae.

— Isso assim é; mas tenha prudencia, primo.

— Não ha prudencia, nem meia prudencia. Quero minha filha cá fóra.

— Pois ella não quer ir?

— Não, senhora.

— Então espere que por bons modos a convençamos a sahir, porque não havemos trazer-lh’a a rastos.

— Eu vou buscal-a, sendo preciso — redarguiu em crescente furia. — Abram-me estas portas, que eu a trarei!

— Estas portas não se abrem assim, meu primo, sem