— Eu conheço a letra — disse ella — é do Joaquim da loja.
— Abra depressa, senhor Simão... Meu pae morreria?
— Que lembrança! Pois não teve ha tres dias carta d’elle? E não lhe disse que estava bom?
— Isso que tem?... Veja quem assigna.
Simão buscou a assignatura, e disse:
— Josefa Maria... É sua tia que lhe escreve.
— Leia... leia... que diz ella?
O prêso lia mentalmente, e Marianna instou:
— Leia alto, por quem é, senhor Simão, que estou a tremer... e v. s.^a descora... que é, meu Deus?
Simão deixou cahir a carta, e sentou-se prostrado de animo. Marianna correu a levantar a carta, e elle, tomando-lhe a mão, murmurou:
— Pobre amigo!... choremol-o ambos... choremol-o, Marianna, que o amavamos como filhos...
— Pois morreu? — bradou ella.
— Morreu... mataram-no!...
A moça expediu um grito estridulo, e foi com o rosto contra os ferros das grades. Simão inclinou-a para o seio, e disse-lhe com muita ternura e vehemencia:
— Marianna, lembre-se que é o meu amparo. Lembre-se de que as ultimas palavras de seu pae deviam ser a recommendar-lhe o desgraçado que recebe das suas mãos bemfeitoras o pão da vida. Marianna, minha querida irmã,