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Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/125

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Ás mulheres portuguêsas
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que não é precisamente a verdade, o mal é ainda peor porque não tardará que a criança saiba, por estranhos, o contrario do que lhe disseram.

E não imaginem que ella esquecerá, não! Na primeira ocasião saberá mostrar a sua estranhesa.

Cresce: da escola para sujeição, onde a mãe a meteu por ser impossivel tê-la em casa desde os três annos, passa a frequentar as aulas públicas. Tem os seus compendios, que lhe falam de coisas de que não tinha a menor noção; cada passo é uma dificuldade, cada palavra um barranco, cada materia uma novidade, que o professor, entre tantos discipulos a reclamar-lhe a atenção, não tem tempo de aclarar-lhe o sentido. De lagrimas nos olhos, o livro na mão, a criança irá procurar aquella que mais estima, e que mais tem tido chegada ao coração desde que existe, para que lhe explique o que não comprehende. E a pobre mãe não saberá auxilia-la, terá de confessar a sua impotencia, a sua ignorancia, diante do filho que se desespera!