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Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/164

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Ás mulheres portuguêsas

em que viajava, se um empregado não evitasse o medonho crime.

A outra era um simples caso de engeitamento, por miseria, tambem por parte duma criada de servir.

Ora quando jornaes avançados, que se dizem desprendidos da rotina e do preconceito, usam para tais casos de tão violentos epítetos, o que não dirão os outros, os arbitros triumfantes do convencionalismo burguês, os fartos interpretes duma sociedade hipocrita, que nas prégas do seu manto de pudicicia abriga crimes mais revoltantes do que os cometidos por esses monstros moraes descriptos com tanto asco!?

Mães desnaturadas, essas miseraveis, decerto! Mas com quanta desculpa a atenuar-lhes a brutalidade do delicto!

E a justiça a que aspirâmos, a justiça nobre e alta que é o objectivo supremo do nosso ideal de nova sociedade melhorada e feliz — quanto é licito ao homem sê-lo, sem cuidados de sobre-posse nem exigencias loucas — a justiça que não se cobre com leis, nem venda os olhos para não discernir, não póde castigar todos os casos