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Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/186

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Ás mulheres portuguêsas

No caso especialissimo que me impulsiona agora, ainda mais justa é a nossa intervenção, por isso que são mulheres as que sofrem e reclamam uma migalha para a sua fome.

No direito de solidariedade que nos assiste temos o dever de pensar em que ha centenas de familias sem trabalho e que para essa terra socegada e pitoresca nas abas da Estrella se mandam soldados quando se pede pão, se responde com ameaças quando se desespera com fome.

Sem lume, sem fato, sem dinheiro, como se anuncia prenhe de desesperos e luctas para esses miseraveis que não pedem esmola e sim maior paga ao seu trabalho, o inverno que se aproxima cantando a tragedia das suas dôres, nas ventanias que destelham casebres e arrancam arvores, nas chuvas que se despenham em torrentes engrossando os rios que regorgitam em cheias devastadoras, levando as sementeiras e trazendo a agonia nas dobras da sua mortalha de neve...

Não nos importa saber se é exequivel a pretensão desses operarios que usam do seu direito da gréve para discutir com os patrões como