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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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as mulheres sahiam algumas que os proprios homens eram os primeiros a reclamar e incensar, mas passando-lhes cautelosamente o diploma de raridades, quasi fóra do sexo, sêres hibridos, masculinos pela inteligencia e só fisicamente femininos.

De modo que essas aclamadas, e afastadas do caminho trilhado pela turba-multa das ignorantes, exactamente porque eram superiores e se julgavam intangiveis, abandonavam a causa das suas irmãs, que já não era a sua, concedendo-lhes apenas, e isto nem sempre, a sua piedade diluida em conselhos de resignação e submissão para desempenharem o papel de escravas, nascidas sómente para a felicidade e regalo do homem. Desta maneira, a causa feminina perdia as suas mais legitimas defensoras, deixando nas mãos dos homens os melhores argumentos.

É como algumas esposas, que, por serem ditosas no casamento, porque tiveram a fortuna — que não digo rara — de encontrar para maridos homens inteligentes e justos, encolhem os hombros com indiferença á desgraça das que tiveram destino contrario.

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