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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

lhar muito discricionariamente o futuro dos filhos — a vêr no casamento um fim, um ideal completo e único, quasi uma obrigação.

Assim como o homem pode ser professor, jornalista, sabio, artista, empregado, operario, tudo emfim, sem que ninguem lhe pergunte pela certidão do matrimonio, sem embargo de serem quasi todos chefes de familia, não vejo inconveniente a que a mulher procure a sua colocação, tenha o seu curso scientifico, estude, trabalhe para si, para o seu futuro, para a sua vida autonoma, sem se lhe inquirir do seu estado...

Que essa mulher fique solteira, porque não encontrou o companheiro ao qual lhe seria grato ligar o seu destino, ou que, encontrando-o, seja sentimentalmente feliz, que temos nós com isso?

Por acaso nos preocupa a vida conjugal do politico A. ou do artista B.?

O maior erro do homem é, a meu ver, estar convencido de que a mulher nasce e existe só para o seu prazer e encanto. Partindo deste principio, é claro que não nos encontraremos nunca, visto eu pensar de modo tão contrario.