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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

força fisica vale muito como educação e muitissimo para produzir saudaveis criaturas, mas vale muito pouco para aferir superioridades. Aliás teriamos de acatar o moço de fretes, que pega numas poucas de arrobas como quem pega num braçado de flores, e proclamá-lo superior, nosso indiscutivel chefe.

Ninguem irá buscar um hercules de feira broncamente estupido para o comparar e achar superior ao sabio empalidecido e enfraquecido pelas vigilias do estudo.

O que falta no nosso paiz é a instrução, principalmente a instrução prática que faz progredir um povo. Quando é preciso traçar uma linha ferrea, vêm engenheiros do estrangeiro; quando necessitâmos dum porto, lá estão as companhias estrangeiras; quando uma cidade quer abastecer-se de agua, lá estão os estrangeiros para lha fornecer; quando é preciso montar um arsenal ou uma fabrica, lá estão os especialistas estrangeiros.

Quasi tudo o que se faz no nosso paiz é práticamente dirigido por estrangeiros e estrangeiras. Ainda destas a quantidade não é tão