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Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/78

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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

quem vê uma grande multidão correr para um abismo e nada póde fazer para a sustêr e salvar.

Mas não ensineis a vossos filhos essa excessiva transigencia, senhoras! Deixai aos moços o enthusiasmo e a fé; não estanqueis a fonte de coragem e energia e justiça que existe em toda a alma joven!

Levantai o espirito para mais nobres ideais, não vos amesquinheis numa abstenção que não é modestia mas ignorancia, indiferença, covardia das vossas almas que assim querem fugir á dôr forte e nobre do sêr que aspira — a ascender, na escala zoologica, de simples animal de instinctos para criatura de espirito e de vontade.

Não tenhais mêdo da dôr intelectual que retorce febrilmente os nervos em convulsões de agonia e aperta a garganta inchada de soluços num estrangulamento de desespero, vós, as mães, que sofresteis corajosamente a dôr fisica de ter um filho! Tornai-vos conscias da grande missão que é de vosso dever desempenhar, com a firme certeza de que não ha paiz grande onde a mulher seja inferior.