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Página:Ana de Castro Osório - Quatro Novelas (1908).pdf/17

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A VINHA

Como estaria Eduarda, que deixara ainda uma criança, tantos anos volvidos sem se verem? E a mãe? Dizia-lhe sempre, nas suas cartas, que se seutia muito velha e doente, mas elle sorria-se confiante e não a via senão como a deixara, sorridente, laboriosa e desempenada, a alma de toda aquella colmeia que era a casa paterna.

Com que impaciencia febril esperou o dia marcado para a chegada, e como logo de manhã, ao alvorecer desse dia bemdito, se sentiu outro, alegre até á loucura de ter vontade de abraçar toda a gente, saltar pelas ruas como uma criança, sentindo-se leve, surpreendendo-se diferente, mal cabendo na sua bonita farda de guarda-marinha!

Ás horas da comida não conseguin eugulir com desfastio os costumados manjares da velha hospedeira, a quem deu um abraço apertado prometendo-lhe trazer a familia para que os conhecesse, — havia ella de ver como eram seus amigos...

E a velha D. Engracia, que tantas vezes se arreliara com as suas telhas, como ella dizia, sentiu que as lagrimas lhe vinham aos olhos com a comunicativa sensibilidade daquella