de todos os grandes sentimentos do homem e de todas as grandes coisas do mundo.
Tem a severidade e o respeito que inspira a paternidade, e ao mesmo tempo todos os zelos da maternidade. Aconselha como um pai, quando fala pelos lábios do sacerdote; é a mãe que se multiplica para seus filhos, quando abriga no seu seio todos os infelizes.
Mas, quando se folheia este livro da vida, e que se chega à última página - à morte - quando a alma, em face do nada sente-se tomada desta grande e assombrosa ameaça do completo aniquilamento, é que se sente quanto há de consolador na religião.
Entre as sombras da dúvida, entre o vago do infinito, a eternidade surge para nossa alma como uma dessas estrelas furtivas que brilham entre o Cris negro da tempestade, e que guiam o nauta perdido na vasta amplidão dos mares.
Se queres ler a legenda desta crença sublime de todos os povos e de todos os tempos, ide no dia 2 de novembro, dia que a igreja destinou à comemoração dos finados, fazer uma visita aos nossos cemitérios.
Haveis de sentir calar-vos dentro d'alma um eflúvio consolador, quando alguma s flores misturadas de lágrimas e de preces.
Este aspecto de uma multidão forte e cheia de vida prostrada ante as cinzas de alguns mortos não exprime alguma coisa de misterioso, alguma coisa de incompreensível, que decerto se prende a esse religioso culto dos túmulos sempre venerado por todos os povos?
Para que o homem venha assim cada ano avivar uma dor quase extinta, e ver refletir-se na lousa da campa os transes acerbos de uma triste provança já acalmada pelo correr dos tempos, é necessário a força irresistível da verdade revelada pelos impulsos do coração.
Sem isto, não é possível compreender-se o respeito que