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Página:Ao correr da pena.djvu/225

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todos os países é na classe pobre que se encontram as grandes inteligências, as grandes almas e os grandes espíritos.

A Providência parece tê-los lançado no mundo sem recursos para prova-los e fortalecê-los com essa luta constante da fortuna, na qual, ou morrem sacrificados como mártires, ou se elevam às sumidades da hierarquia social para comunicarem ao país a atividade do seu espírito e as forças de sua inteligência.

Tão desprezível, tão digna de compaixão, como parece esta classe aos ricos enfatuados que rodam no seu cupê, a ela pertence o futuro; nela está a alma, a força, a inteligência, a esperança do país.

Quereis saber o que são e o que valem esses cresos modernos, ou esses capitais amontoados, essas somas de dinheiro de que o rico tanto blasona e tanto se desvanece? Uma matéria brutal, uma alavanca inerte a que um dia algum homem sem fortuna, mas cheio de ambição e de talento vem dar o impulso de sua atividade, e fazer trabalhar para um grande fim.

Esta classe, pois, merece do governo alguma atenção; o que hoje é apenas carestia e vexame, se tornará em alguns anos miséria e penúria. É preciso, ao passo que o país engrandece, prevenirmos a formação dessa classe de proletários, dessa pobreza, que é a chaga e ao mesmo tempo a vergonha das sociedades européias. Apliquem-se os nossos espíritos econômicos a este estudo digno de uma grande inteligência e de um grande povo.

Porque a Europa ainda não conseguiu chegar à solução deste grande problema social, não é razão para desanimarmos. Somos um país novo; o progresso espantoso da atualidade deve ter reservado alguma coisa para nós; o mundo velho eleva a indústria a um desenvolvimento admirável; talvez que os segredos da ciência tenham de nos ser revelados na marcha da nossa própria sociedade.

O que é verdade é que não devemos deixar de concorrer com as nossas forças para essa obra filantrópica da extinção da pobreza proletária. E isto, não porque receemos tão