Página:Ao correr da pena.djvu/258

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A brisa escasseou neste momento, e não me trouxe o fim da conversa; mas eu fiquei compreendendo a razão por que hoje não se usam como antigamente em todas as festas, as girândolas, as rodas de fogo, etc. foram substituídas por outra espécie de fogo de artifício.

O que se usava outrora tinha o inconveniente de queimar a gente; mas esta queimadura curava-se aí com qualquer remédio de boitica. O que está em moda presentemente é pior, porque em vez de queimar, abrasa, e dizem que por muito tempo.

O que eu sei é que é esta uma arte capaz de fazer concorrência do larmoyeur, e digna de sério estudo, não só para se poder bem usar dela, como para se evitarem os enganos e as ciladas em que pode cair quem não tiver perfeito conhecimento desses segredos da coquetterie.

Os homens que falam de tudo e nada dizem, têm aí um belo tema para dissertarem; podem mostrar a influência útil que deve ter aquele estudo sobre desenvolvimento da nossa arte dramática, tão desprezada e tão desmerecida entre nós.

E isto vem a propósito, agora que a nova empresa do Ginásio Dramático se organizou, e promete fazer alguma coisa a bem do nosso teatro.

Assistimos, quinta-feira à primeira representação da nova companhia no Teatro de São Francisco: foi à cena um pequeno drama de Scribe, e a comédia do Dr. Macedo.

Embora fosse um primeiro ensaio, contudo deu-nos as melhores esperanças; a representação correu bem em geral, e em algumas ocasiões excelentes.

O que resta, pois, é que os esforços do Sr. Emílio Doux sejam animados, que a sua empresa alcance a proteção do que carece para poder prestar no futuro alguns serviços.

Cumpre que as pessoas que se acham em uma posição elevada dêem o exemplo de uma proteção generosa à nossa arte dramática. Se elas a encorajarem com a sua presença, se a guiarem com os seus conselhos, estou certo que em pouco tempo a pequena empresa que hoje estréia se tornará um teatro interessante,