Desde que começou a ter voga este gênero de conversa governativa, ou política, imediatamente certos espíritos metódicos e sistemáticos trataram de classificar por ela as diversas espécies de oposicionistas ou descontentes.
Assim, há hoje três classes distintas de oposicionistas: 1.ª) dos que já conversaram; 2.ª) dos que querem conversas; 3.ª) dos que não admitem conversa.
Esta última classe dizem que é das mais pobres, e com toda a razão. É preciso ser-se bem misantropo e anti-social para fugir a uma conversa tão amável e de tão grande interesse.
Não vão tomar à má parte esta expressão. Quando eu disse que a conversa ministerial é de grande interesse, foi no sentido de ser instrutiva e de deleitar o espírito, deixando impressões agradáveis.
Mas, voltando ao nosso assunto, é inegável a influência benéfica que exerce a conversa sobre a alma do homem civilizado.
Nos primeiros dias da sessão da câmara, como ainda há pouco se tinha conversado, a chapa ministerial da comissão de resposta à fala do trono sofreu um échec.
Porém neste dia mesmo conversou-se. O ministério tem neste ponto uma grande vantagem: é um senhor que conversa por seis bocas.
O resultado foi que a coisa tomou outro caminho, e entrou nos seus eixos.
Dizem, é verdade, que a nomeação dos Srs. Ferraz e Assis Rocha para as comissões de fazenda e justiça civil foi uma verdadeira derrota.
Não creio; estou mesmo convencido que o ministério desejou de coração que duas inteligências distintas, como são estes senhores, fossem aproveitadas, cada uma na sua especialidade.
E tanto isto é assim, tanto essas veleidades de oposição não tomam aspecto sério, que a resposta à falta do trono apresentada ontem mostra a inteira adesão que presta a câmara à política do governo e à marcha da administração.