uma aventura importante. A vida aqui no sitio anda tão vazia que até me sinto embolorar por dentro. Irei, sim, e juro que quem vái matar a onça sou eu...
Esse dia e o outro foram passados em preparativos. Pedrinho levaria uma espingarda que ele mesmo tinha fabricado ás escondidas de dona Benta, espingarda de cano de guarda-chuva com gatilho puxado a elastico. Estava carregada com a polvora duns pistolões sobrados da ultima festa de S. Pedro.
A arma que Narizinho escolheu foi a faca de cortar pão, instrumento mestiço de faca e serrote.
O visconde recebeu um sabre feito de arco de barril, bastante pontudo, mas danado para entortar. Em vista da sua importancia e do seu titulo, tambem recebeu o comando da expedição.
— E você, Emilia, que arma leva? perguntou Narizinho.
— Levo o espeto de tia Nastacia assar frangos. Tenho mais fé naquele espeto do que nas armas de vocês todos.
Restava o marquês. Como fosse um grande medroso, em vez de arma Pedrinho deu-lhe arreios. Rabicó iria puxando um canhãozinho feito dum velho tubo de chaminé, que o menino havia montado sobre as rodas do seu carrinho de cabrito. Para carregar o canhãozinho foi necessario empregar a polvora de tres pistolões. Servia de bala uma pedra bem redondinha, encontrada no pedregulho do rio. Indo atrelado ao canhão, o insigne marquês ficaria impedido de fugir.
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