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Página:As Caçadas de Pedrinho (1ª edição).pdf/13

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No dia marcado tomaram o café com farinha de milho da manhã e saíram na pontinha dos pés, para que as duas velhas nada percebessem. Transpuseram a porteira do pasto, atravessaram a mata dos tucanos vermelhos e de lá seguiram, rumo ao capoeirão da onça.

Rabicó não havia mentido. Os rastos da onça estavam impressos na terra humida. Ao fazerem tal descoberta o coração dos cinco herois bateu mais apressado. Dos cinco, não; dos quatro, porque, como todos sabem, Emilia não tinha coração.

— Que é isso, Pedrinho? disse a boneca notando-lhe a palidez. Será medo?...

— Não é medo, não, Emilia. E’...

— E’... receio, eu sei, caçoou a terrivel bonequinha.

O rubor da colera subiu ás faces do menino.

— Não brinque comigo, Emilia! gritou ele. Você e toda a gente sabe que só tenho medo duma coisa neste mundo — maribondo. De mais nada, hein?

O visconde, que havia trazido a tiracolo o binoculo de dona Benta, ajustou-o nos olhos para examinar "detectivamente" os rastos.

— E’ de onça, sim, disse ele, e de onça pintada.

— Como sabe? indagou Narizinho.

— Estou vendo no chão dois pelos, um amarelo e outro preto.

Aquela confirmação de que era onça mesmo e das grandes, desanimou profundamente Rabicó. Go-

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