para casa; só não o fez de medo que Pedrinho despejasse no seu lombo a carga de chumbo destinada á onça. E resignou-se ao que désse e viesse.
Orientados pelos rastos da onça, os caçadores não tinham que errar. Seguindo-lhes a sua direção fatalmente dariam com a bicha.
— Avante, Saboia! gritou Pedrinho, espichando no ar a espingarda como se fosse espada.
— Avante! repetiram todos os outros, menos Rabicó, que estava sem fala; e com o maior entusiasmo caminharam assim durante meia hora.
Subito, o visconde, que ia na frente, de binoculo apontado, gritou com voz firme:
— A onça!
— Onde? indagaram todos, ansiosos.
— Lá longe, naquela moita — lá, lá...
Realmente alguma coisa se mexia na moita apontada e não tardou que uma enorme cara de onça se espichasse por entre as folhas, espiando para o lado dos cinco herois.
Pedrinho dispôs tudo para o ataque. Assestou na direção da moita o canhãozinho e ordenou ao artilheiro Rabicó, enquanto o desatrelava:
— Fique nesta posição. Quando ouvir a voz de “Fogo!”, risque um fosforo, acenda a mécha e dispare.
— Disparo para casa? perguntou o artilheiro mais tremulo do que uma fatia de manjar branco.
— Dispare o canhão, idiota! berrou Pedrinho.
Enquanto isso, a onça deixava a moita e, com o andar manhoso dos gatos, dirigia-se, agachada, para
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