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Página:As Caçadas de Pedrinho (1ª edição).pdf/67

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— Veja, Nastacia, para que deu Pedrinho agora! dizia ela. Quer caçar rinocerontes... Não sei por quem puxou essa terrivel inclinação.

Tia Nastacia benzia-se. Ignorava o que fosse um rinoceronte, não o tinha visto nem no cinema, nem em desenho, mas a simples palavra a assustava. “Rinoceronte, crédo!”

— E o peior, continuou dona Benta, é que quando estas crianças encasquetam fazer uma coisa, fazem mesmo. Eles viram e mexem e acabam caçando algum rinoceronte. Você vái ver.

E assim aconteceu. Parece fabula, parece mentira do barão de Münchhausen, e no entanto é verdade pura: os netos de dona Benta caçaram um rinoceronte de verdade!...

— Como?

— Esperem lá.

Algum tempo depois do assalto das onças chegou ao Rio de Janeiro um grande circo de cavalinhos que era uma verdadeira arca de Noé. Trazia enorme bicharada — seis leões, tres girafas, quatro tigres, zebras, hienas, fócas, pantéras, cangurús, giboias e um formidavel rinoceronte. Quando Pedrinho leu nos jornais a noticia do grande acontecimento, ficou assanhadissimo. Quís ir ao Rio ver as féras, chegando até a escrever a dona Tonica, sua mãe, pedindo licença e meios. Antes, porém, de receber qualquer resposta, um fato sensacional se deu no Rio: o rinoceronte arrebentou as grades da jaula, certa noite de temporal e fugiu. Fugiu para as matas da Tijuca, tomando depois rumo desconhecido.

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