Saltar para o conteúdo

Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/139

Wikisource, a biblioteca livre

frente do pavilhão, tomou-lhe a vista. A menina, mau grado seu, não se pôde conter; deixou escapar um movimento de contrariedade tão vivo que fez o governador sorrir.

— Bem vejo que o sol queima a quem lhe faz sombra! disse D. Diogo motejando.

Inesita arrependeu-se da sua imprudência.

— Não é assim?

— Que sei eu! balbuciou ela confusa.

— Sabem esses lindos olhos, que me estão deitando quebranto, porque...

— Por quê?...

— Porque lhes roubei um olhar que andava enleado, Deus sabe onde.

— Oh! não! exclamou a donzela muito corada. Eu digo o que era.

— Algum guapo cavaleiro?

Estácio e Cristóvão tinham desaparecido na entrada da rua; Inesita, conseguindo encobrir sua perturbação, graças à inata dissimulação das mulheres, abanou a cabeça com um arzinho de malícia.

— Eram aquelas tenções dos escudos, que estavam me aborrecendo! disse ela meio arrufada.

— Ah! as divisas em latim!... exclamou o governador rindo.