cunho da vontade tenaz; nestes momentos sentia-se que a razão calma, firme, inflexível, dominaria, se preciso fosse, as expansões da mocidade.
Os dois cavalheiros continuavam a conversa começada quando se encontraram no adro da igreja.
— Perdes teu tempo, dizia Cristóvão de Ávila sem tirar os olhos do seu alvo predileto.
— Não sei em que melhor o possa empregar do que em praticar com um amigo, respondeu o cavalheiro sorrindo.
— Mal vais com disfarces que dalgo não servem, que de mais descobrir a verdade. Digo que perdes teu tempo, quando teimas que entre tantas damas gentis não haja uma por quem desejes esta tarde tirar uma argolinha, ou correr um passe d'armas.
— E para ti há alguma? perguntou o outro desviando de si a alusão.
— Bem sabes que sim. Não sou de segredos; tão santa coisa é o amor que Deus nos pôs n'alma, que não me peja de trazê-lo no rosto e à face de todos.
— Assim deve ser para quem é nobre e rico, e não teme repulsa; mas outros há que não têm direito de erguer a vista, embora mais alto que ela tragam o coração.
As últimas palavras foram pronunciadas com ligeiro