embora para isso fizesse uma volta. Os meninos o atropelavam como da primeira vez com vaias e apupos. Ele passava impávido e calmo, empertigando-se em sua pobreza e desafiando-os a todos.
Cristóvão que era da roda, soube afinal quem fosse o tal rapazito; e uma tarde quando ele passava, deixou muito zangado os companheiros e botou-se de carreira ao filho de Robério Dias.
Esperou-o a pé firme Estácio, julgando que o outro vinha brigar. Deitando ao chão um maço de cadernos, arregaçou as mangas.
— Não venho para brigarmos, senão para nos conhecermos, pois somos parentes! disse Cristóvão sorrindo e com um modo afável.
Passada a primeira surpresa de ver aquela fala e modo em um menino tão bem trajado e que parecia de família rica e principal, o escolar respondeu altivo:
— Não tenho parentes mais que uma tia!
— Pois não sois filho de Robério Dias?
— Que vos importa isso?...
— Eu sou filho de Garcia de Ávila!
— Não vos conheço!...
— Que val, se temos o mesmo sangue! Perguntai a vossa tia.