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Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/76

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sonhava para seu protegido um mais brilhante futuro, que o da roupeta.

Eis como se achavam as coisas no momento em que Estácio, acabando de ler a carta dirigida a sua mãe por D. Diogo de Mariz, dobrava-a tranquilamente sem reparar na alteração de fisionomia e na posição grotesca de Vaz Caminha.

— Podeis dizer-me, mestre, que papel é esse de mor valia, pertencente a meu falecido pai?

O licenciado conseguiu restabelecer-se do abalo que sofrera; atirando-se a Estácio, arrancou-lhe das mãos o papel e leu-o de novo, enquanto o moço olhava-o admirado da singular excitação que pela primeira vez quebrava a pausada e fria gravidade do advogado.

Quando acabou de ler, segurando o papel nos dedos trêmulos, voltou-se para o estudante:

— Não sabeis a história de vosso pai?

— Sei dela o que me tem ensinado a tradição popular; contam que meu pai conhecia o segredo de grandes minas de prata, que recusou descobrir por lhe haver El-Rei negado a recompensa que pedia.

— A tradição mente, filho; Robério era incapaz