Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/80

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— Ah! não foi meu pai!

— Para não esquecer o lugar e direção em que demoravam, deixou no tronco das árvores em todo seu trajeto certos golpes que deviam orientá-lo em uma segunda jornada. Infelizmente não a pôde levar a cabo; enfermou quando ordenava os aprestos dela, e na hora derradeira chamou o filho e lhe comunicou sua descoberta.

Robério cuidou logo em fazer a jornada para aviventar os rumos e marcos apostos por vosso avô, antes que o tempo e os acidentes os destruíssem. Partiu quase escoteiro, seguindo as pegadas do pai e chegou ao lugar indicado.

— Quando isso? perguntou o moço.

— Em fins desse mesmo ano de 1587, ainda eu não estava no Brasil. Vosso pai, por prudência e para não dar rebate aos garimpeiros que o acompanhavam, saiu do rancho como para caçar. Seguindo as indicações, deu com a entrada da caverna; achou-se em uma longa crasta subterrânea; havia escuridão profunda; mas com pouco o luar enfiando pelas fendas da pedra, deu em cheio sobre aquelas paredes alvas e brilhantes; vosso pai admirado julgou ver um palácio encantado no qual o pórtico, a fachada, as colunas, tudo era de prata.