Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/86

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por sua alma; a carta que lhe trouxeram ficou pois na caixinha onde guardava suas alfaias, tal como a tinham entregado. Quanto ao mensageiro, decerto algum colono que passou ao reino ou a esta capitania.

— E esse homem não devassaria o segredo? disse Estácio tomado de súbita inquietação.

— É claro que não, respondeu o licenciado com o acento da convicção.

— Como o afirmais?

— Se ele soubesse o conteúdo da carta, não a entregaria, e por si, ou por terceiro, se apresentaria a D. Diogo de Mariz para receber o papel.

— Tendes razão. E estais informado da pessoa que é esse D. Diogo?

— É o provedor-mor da Fazenda de São Sebastião; bom português, fidalgo às direitas, descendente da casa dos Marizes, uma das melhores do tempo do Senhor D. Afonso Henriques, que Deus tem. É filho de D. Antônio de Mariz, que prestou grandes serviços no governo do Sr. D. Antônio Salema, e há anos correu ter perecido às mãos do gentio aimoré.

— Julgais então que durante os quatro anos que passaram, ele tenha fielmente guardado o roteiro?

— Não conheceis um português, Estácio! Com esta sede de ouro que traz ao Brasil tantos aventureiros,