Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/112

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— Que houve? perguntou rápido o taberneiro.

— Nada!

— A que vieste então?

— À festa!... respondeu o negro, cuja face achatou-se com um riso largo.

O judengo teve ímpetos de quebrar uma garrafa na cabeça do negro; mas era homem de suma prudência; reprimiu esse inconsiderado movimento, e consolou-se em coçar a orelha, à maneira de gato; com a diferença de que o gato coça a orelha de satisfeito, mestre Brás coçava de arrenegado. Lucas deu-lhe as costas e foi sentar-se no poial da janela onde chupitou a golo e golo um martelinho de aguardente.

Por esse tempo ressonava de bruços sobre a mesa mestre Bartolomeu Pires, com um ronco de prima de rabecão. Vítimas desse beático sono, jaziam atiradas ao canto as quatro garrafas cujo líquido, com exceção de um pichel que bebera o advogado, passara todo pela musical laringe do mestre de capela ao seu vasto estômago.

Vaz Caminha, do outro lado da mesa, com o cotovelo fincado na perna e o queixo apoiado no polegar da mão esquerda, resumia mentalmente