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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/114

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— Ainda estais aqui, Gil?

— Se foi a ordem do Senhor Estácio!

— Tendes razão, rapaz; cumpristes com o que vos mandaram, não eu com o que devia. Vinde cá, mestre Brás vos dará a ceia; depois ide à casa recolher. Não hei precisão de vós.

— Com perdão de V.M., senhor licenciado, livre-me Deus de tocar coisa de comer e beber em que este excomungado taberneiro pôs o gadanho. Quanto ele vende é mal agourado, e não me mataria a fome a mim.

— É que a fome não é grande, filho; senão faríeis como os outros. Visto isto, já ceastes?

— Se vos digo que não! Mas não vos dê cuidado, que eu tenho aqui quanto basta para não dormir pagão.

E o menino mostrou uma naca de pão que trazia no bolso, e na qual havia dado uma ou duas dentadas. O licenciado tranquilo por este lado, bem que admirado da sobriedade do menino, que preferia aos guisados e covilhetes de mestre Brás a pada seca e dura, continuou seu caminho. Lucas, seguia adiante guardando a mesma distância.

Dirigiram-se até a extrema sul da cidade, então

no match

conhecida por porta de São Bento, em memória das antigas muralhas erguidas por Tomé de Sousa.