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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/139

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em cima do trumó, sobre o qual ardia uma vela de cera, eschamejando-se na face lisa e polida do espelho.

Os cabelos desatados pelas espáduas nuas ensombravam o perfil, amortecendo-lhe a cor; mas deixavam imergidas na claridade as evolutas suaves do colo soberbo, e dos seios que moldava o linho transparente. Traçando a curva graciosa de uma perna admirável, a roupa roçagante de fina beatilha frangia na orla, por onde escapava o pezinho nu, aninhado em um pantufo de veludo roxo.

Doce enlevo, ideal sublime de suave melancolia ou de vago cismar, quando a alma engolfada no silêncio e na soidão, partida entre as recordações que voltam e as esperanças que fogem, dói-se com a ausência do bem que fruiu, e enleva-se revivendo no gozo passado! Voluptuosidade inexprimível de mágoas doces e agros prazeres para o coração que sofre com o isolamento e praz-se nele! Hino sublime que o lábio português canta em uma só palavra — saudade!

Corriam os minutos; e ela não mudava de posição.

Os raios de luz brincavam com as gotas do róseo licor que estilavam a uma e uma do globo superior