Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/141

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as palpitações do coração; por fim, como isto em vez de acalmá-la, a exasperava ainda mais, sentara-se no estrado e contava com ansiedade os minutos da hora que faltava para acabar o seu suplício.

A última gota vazou da ampulheta; Elvira ergueu-se de salto e correu à janela.

No horizonte, entre a escuridão profunda que plainava sobre a cidade, brilhava um frouxo clarão que ia a pouco e pouco desmaiando; sinal de que as luminárias começavam a extinguir-se. Não se ouvia mais o barbarizo que exala das grandes massas da plebe. O primeiro dobre do toque de recolher acabava de soar.

A festa popular estava terminada; mas uma branda lufada de vento trouxe uns alegres tangeres de música, como para dizer a Elvira que o sarau ainda durava e com ele seu tormento e aflição.

A pobre donzela suspirou.

— Nem mais se lembra de mim! balbuciou com a voz repassada de lágrimas.

De repente a moça, que se recostara ao balcão estremeceu.

Julgou ouvir a brisa murmurar seu nome; o primeiro movimento, depois do susto, foi recolher-se e fechar a janela;