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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/159

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seu pai herdou, e não está longe de, mesmo em vida, fazer doação dela à Companhia.

— Bem, veremos a sua penitente, padre reitor. Em quanto lhe avalia os teres?

— Ela própria não lhes sabe o valor. Deixou-os seu pai num cofre enterrado em certo lugar; a filha com o seu desapego às coisas mundanas nem sequer teve ainda a curiosidade de o ver.

— Pensa então que esse tesouro esteja no mesmo lugar? disse o P. Molina com seu fino sorriso.

— Não há razão para que duvide: ninguém mais afora ela sabe do segredo.

— Quem enterrou o ouro?

— O pai só e durante a noite, pouco tempo antes de finar-se.

— E essa dama chama-se?

— Tem nome pouco vulgar, que me parece suposto. Chama-se D. Marina de Peña.

Uma plica imperceptível traçou rapidamente a vasta fronte do assistente; mas desfez-se logo, e fora impossível distingui-la da sombra tênue e móbil que projetavam em seu rosto os trêmulos clarões da alâmpada, coando entre os cabelos revoltos.