O desamparo de sua vida livre, bem como a ausência de família, junto à pobreza e ignorância do estado, fez supor aos rapazes namorados que seria uma conquista fácil; mas Joaninha, que já tinha ganho pela formosura e jovialidade a admiração geral, ganhou com uma virtude austera e uma esquivança constante, a estima e respeito da boa gente. Acabaram por confessar que ela não era só a mais gentil, senão a mais honesta de todas as alfeloeiras dos dois reinos de Portugal e Algarves.
Em verdade, nessa existência vagabunda não havia fato por pequeno que fosse, do qual pudesse nascer a mínima suspeita contra a honestidade de Joaninha; não se sabia, nem sequer desconfiava, de um rapaz ou mesmo senhor a quem ela tivesse dado mostra de bem-querer. Entretanto essa pessoa existia, pois a rapariga o confessara na conversa com Tiburcino; mas o nome estava guardado tão dentro do coração, que nem olhos de rivais, sempre alerta, tinham podido ver na sombra desse mistério. Seria seu amor mal pago? Assim parecia à primeira vista; pois a alma feliz é flor a desabrochar: tem um perfume que recende.
Mas custaria a admitir semelhante conjetura quem