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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/119

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estava a levantar a âncora com destino à Bahia. A Santa Inquisição ainda tolerava os cristãos-novos nas colônias, terra para degredos; na metrópole por forma alguma.

Não ficou muito contrariado por isso o frade e consolou o rapaz, dando-lhe de conselho que não boquejasse mais sobre certo caso acontecido com D. Diogo de Mariz, pois era homem poderoso, e contava amigos por toda a parte. Partiu-se pois o Anselmo, inteiramente desabusado das cidades encantadas e dando graças à Providência que o livrara da Inquisição. Já Belém sumia-se pela popa do navio, quando D. Aníbal sofria perante os inquisidores do Santo Ofício o primeiro interrogatório.

Entretanto achava-se o P. Molina recolhido à sua casa de Lisboa, depois de oito anos de ausência. Ainda ali vivia o P. Mestre Cunha, que recebeu de braços abertos seu antigo discípulo e fâmulo; o gordo jesuíta estava muito acabado do reumatismo gotoso; e já não viçava na sua robusta pessoa aquela florente velhice, que tanto admirara Vilarzito em Sevilha. O recém-chegado não quis receber a hospitalidade de outro que não seu primeiro mestre, o qual de sua parte muito estimou tê-lo por companheiro de cela.