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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/14

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frondosos vinhedos. De espaço a espaço entre as cortinas das parreiras assomam os alvos casais e as granjearias: a vida ali é calma e serena como a correnteza do rio, onde se espelha o céu azul da formosa Andaluzia.

Em um dos casalinhos que bordavam a margem esquerda, vivia em 1595 um pobre vinhateiro. Ramon era descendente de uma família de escudeiros nobres; mas preferira a vida independente e tranquila do campo; tinha pouca família, mulher e filha, nenhuma ambição. A jeira de terra, que herdara, bastava à modesta subsistência; e nos bons anos lá entravam para o modesto mealheiro alguns reais destinados ao dote de D. Dulce.

Era Dulcita uma formosa menina de quinze anos, pura flor andaluza: olhos grandes, de negro aveludado, olhos de gazela; o lábio vermelho como os bagos doces das romãs de Granada; na tez a rósea pubescência dos pêssegos de Almeria; o porte de sultana, e a trança opulenta como a crina virgem do corcel árabe.

O relancear de uns lindos olhos que vos raptam os espíritos e os enleiam num contínuo viver e desviver; os tentadores olhos furtados, como lhes