de minha vida, acabará esta mísera uma vez de morrer!
— Mas por que desanimais, senhora?
— E mo perguntais? O único meio que me restava para alcançar o fim de uma vida inteira de martírio, posto em dúvida e risco! E vós mesmo, que me roubais esse conforto, não me dais remédio para o mal; ao contrário, a confiança que tinha no escravo, a dissipais; a que pus em vossa pessoa, recusais! Se essa era vossa tenção, para que avisar-me do mal... Melhor era deixar-me viver na minha antiga segurança, roubada fosse embora, do que matar-me assim lentamente neste repetido sobressalto e contínuo terror! Usastes comigo, senhor doutor, sem querer, de crueldade igual à que sofrem os condenados; prolongam-lhe com a vida a tortura. Não vos culpo, nem culpa há, senão desdita de quem em má hora nasceu para si e os seus.
O doutor ouvia com ar de bondade as palavras pungentes da moça; e tanto que acabou ela de falar, começou com um termo brando e meigo, pondo nela os olhos enternecidos.
— Razão alguma tendes, e fácil me fora provar, que por cumprir meu dever de cristão e homem