Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/147

Wikisource, a biblioteca livre

Havia na fisionomia do velho advogado tal jeito de astúcia e manha, ao proferir destas frases, que Dulce não pôde deixar de estremecer; mas sua alma serenou logo.

— Diz-me o meu coração, que de vossa pessoa só conforto e alegria me há de vir. Ao toque das almas nobres como as vossas, o ouro é metal de vil quilate.

— Enfim, pensareis, senhora, e do resultado me dareis conta quando nos virmos, amanhã, sobre noite. Já sei o caminho; virei só, e portanto mais acompanhado do segredo e recato que é preciso.

— Mas eles? Me deixais assim em seu poder?

— Nada tendes que recear por enquanto; não vos deis por apercebida, nem mesmo quando estiverdes só. Dizem que as paredes têm ouvidos; têm olhos também. É preciso que eles continuem a cavar a mina, pensando que o ouro está no mesmo lugar; nesse tempo transportareis a outra parte, de maior segredo, o vosso tesouro.

— Não fora melhor fazê-los prender logo de uma vez? Se a justiça de El-Rei não serve para proteger uma pobre mulher, para que serve ela então?

— A justiça de El-Rei serve para punir os que