aos molhos. Era dia de fevereiro; o sol abrasava, e eu o curti ali todo; mas que muito, se não deixava sentir-lhe a calma o fogo que ardia dentro. Sobre tarde o tempo desconcertou-se; uma grande borrasca armou-se, que o vento rijo impelia sobre a cidade. Parte do céu ainda estava límpido e azul, que a outra era estofada de grossas nuvens. No bojo verde-negro os relâmpagos incendiavam-se a miúdo, e o trovão reboava com um estampido surdo.
“Haveis de lembrar-vos, mestre, desse medonho temporal do ano passado...”
— Que tantos estragos causou no mar, bem como em terra!
— Sabeis pois a parte que tive nele. Enquanto se formava a borrasca, o dia ia-se finando, já com a sombra da noite próxima, já com a escuridade das nuvens. Houve um momento em que tudo foi silêncio e placidez no céu e terra; a natureza com a respiração tomada, sufocava: mas logo, como se recobrara as forças ingentes, acrescidas pela angústia, desfechou o temporal horrível.
“Foi nesse instante, que o céu fez solene. Uma banda da gelosia abriu-se de repente e fechou-