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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/180

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Era nada mais que a figura insignificante da comadre Brásia, embrulhada em sua mantilha rapada de serafina e saracoteando o corpo com o trote miúdo de uma cadela que anda ao faro de algum osso para roer. Sua vista lembrou ao mancebo o emprazamento da véspera no adro de Santa Luzia, com a misteriosa dama que lhe trocara a bolsa. As faces arderam de rubor, com a lembrança dessa humilhação; deitou-se pois com veemência à covilheira, a qual já o tinha percebido, e disfarçada moderara o passo para ser alcançada.

Afinal Estácio, obrigando-a a parar, tirou dos golpes do saio a bolsa e esvaziou as moedas:

— Mulher, levai este ouro àquela que vos mandou e que eu não conheço. Dir-lhe-eis que em troca do serviço que de mim espera, a sua paga é generosa demais para um aventureiro, e vilíssima para um cavalheiro!

— Por Cupido vos juro, senhor cavalheiro, que minha formosa dona não teve intenção de ofender-vos!

— Tanto disso estou convencido, que lhe restituo o ouro, mas guardo a bolsa como a única recompensa que desejo!...