Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/214

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“— Aqui o tendes presente, para declarar em face, a quem se arroje ao contrário, que é um falso e aleivoso, indigno do nome de cavalheiro e das armas que traz!...

“— Pois digo-o eu, cavalheiro das armas pretas; que refalsado, aleivoso e cobarde, é aquele que ousa alçar os olhos onde não chega o seu ardimento.

“Os cavalheiros tomaram campo; e Flor de Beleza não tinha acabado de dizer Jesus, que já D. Cisnando era atirado de cambalhotas no chão com um só bote de lança, que lhe deu o airoso cavalheiro das armas negras. Declarado este vencedor, foi ajoelhar aos pés de El-Rei; mas no momento em que já recebia o prêmio, o príncipe, que estava mortificado de ver o amigo vencido, adiantou-se para o estrado do pai:

“— Saberá Vossa Real Majestade, que tenho razões de muita gravidade a opor.

“— Diga o príncipe, que o escuta seu rei e pai.

“— É o caso, que se não há duvidar da gentileza o valentia do cavalheiro das armas negras, aqui presente, outro tanto não sucede com a nobreza de raça e nome. Pois não tendo chegado