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Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/234

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de ordem e método, fez seu exame de consciência. Recapitulando todos os sucessos da véspera e observações que lhe haviam sugerido, traçou na mente a regra para o dia que principiava. Isto fez ele durante a leitura do breviário, para melhor poupar o precioso tempo.

Tomou então de sobre a banca uma correia de chaves, e foi em busca do cartório, onde pouco se demorou. Na volta, trazia sobraçado, mas bem oculto pelo hábito, um grosso volume, digno êmulo do famoso alfarrábio do P. Manuel Soares, a não ser que este tinha uma capa de couro vermelho com o emblema da Companhia em negro sobre o frontispício e uma grande cruz no lombo; de mais guarnecido com fechos de metal amarelo.

O P. Molina escolhendo na correia uma pequena chave de broca, primor do irmão serralheiro, abriu os cadeados e levantou a capa do livro vermelho. No rosto achou o que naturalmente procurava, porque mal demorou o olhar sobre o título escrito em lindos caracteres góticos, o qual dizia assim: — Livro grande do assentamento dos irmãos seculares nesta Província do Brasil.