para estrebaria e não cabiam todos os cavalos de sela, sem contar os de tráfego.
O edifício principal destinado à habitação do dono dava mostras de grandes posses, pelo ataviado, espaçoso e bem acabado dele. Ao lado, como duas asas, corriam os comuns, ordenados com muita vista e asseio: nos da direita tinham acomodado a cozinha e ucharia; nos da esquerda os cubículos dos pajens e serviçais, a casa de banhos e outros necessários.
Aí nessa propriedade, consumia os últimos anos da mocidade D. Lopo de Velasco, moço fidalgo da casa real, comendador de Cristo, e da melhor nobreza de Portugal; porque pela linha paterna descendia dos Duques de Aveiro, e pela materna dos Condes de Assumar.
Era um cavalheiro de mais bela presença, e casquilho de roupas, se já o houve algum; mas nunca fizera valer aquelas vantagens a damas. O comendador não era homem de salas; só tivera na sua vida uma paixão, e essa tão valente, que o possuíra todo sem deixar presa a outra qualquer: era a caça. Educado por um tio, devoto acérrimo e inveterado de Santo Huberto, chefe das monterias na casa de El-Rei, ele se formara cedo