Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/91

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sob a capa de papelão uma série de cartas escritas da Bahia pelo nosso conhecido Rev. P. Manuel Soares, cronista daquela província e autor de certa memória.

A primeira carta trazia a data de 15 de novembro de 1595 e rezava assim:


Pax Christi. Aproveito portador seguro para dar conta a V. Reverendíssima das minhas diligências, sobre o objeto que de Roma me foi incumbido.

Logo que a esta cheguei, tive por primeiro cuidado, informar-me da mulher e filho de Robério Dias. Vivem pobremente para as bandas da Ribeira, em companhia e a expensas de uma velha tia, cuja é a casa.

D. Clara é uma santa mulher, que tudo faria pelo serviço da religião; mas infelizmente não sabe mais do que divulgou a voz pública; afirma que seu falecido esposo possuía o roteiro das minas e com ele se partiu para Espanha, onde, ou em caminho, lho roubaram. Quanto ao filho, o menino Estácio, que o pai deixou no berço, anda nos cinco anos de idade; se não falharem os prognósticos, deve de ser moço para se aproveitar.

Sobre a recomendação que trouxe, creio não haverá dificuldade,