Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/230

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o causador do acidente embrulhado ao colo. Abaixando os olhos para ver aquele improvisado nenê, deu o advogado com o rosto brejeiro e petulante de Gil.

— Oh! oh!... maganão!... disse o advogado rindo e beliscando a orelha ao pajem. Andas à tuna!...

O menino já estava de pé, sacudindo a terra da garnacha do advogado.

— Sua mercê me escuse!... A pressa com que vinha!... murmurou o pajem sofreando o riso.

— Vieste muito a propósito: pois que ia mesmo à tua procura para me levares aonde mora um tal Esteves, pescador.

— Ui!... Que quer dele o senhor licenciado?...

— Naturalmente encomendar-lhe peixe. Para que serve um pescador?... Vamos; segue adiante.

Gil não gostou dessa incumbência, e sem o respeito que tinha ao mestre e padrinho de seu querido amo, ali plantaria o velho a olhar para o tempo, e sumir-se-ia num pestanejar. Foi pois resmungando lá consigo e de muito mau modo que obedeceu à ordem, e desceu a ladeira.

O Esteves morava num casebre fora de portas à beira da praia que se estendia para a barra,