Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/32

Wikisource, a biblioteca livre

— Não o entendo assim, D. José. Se mostrei-vos esse cartel foi por uma só razão, que estou haveis de aprovar. Aqui se diz que aceitei a mão de uma dama, sem o coração a outro dado; e acrescenta-se que o cavalheiro que tal pratica, é vil e indigno. Sou do mesmo pensar. Portanto acharei justo que eu ouça, sem mais tardar que amanhã, da própria boca de D. Inês o desmentido a essa calúnia, para com a consciência tranquila e a fé na minha causa, punir o refalsado que ousou denegrir a sua e a minha honra.

O alferes impacientou-se.

— É o que me faltava ver!... Que désseis crédito ao que vos escrevem encapotados. Quem sabe se não é isso alguma farsa de amigo nosso?

— Farsa em tal assunto passa a caso sério, pois é objeto com que não se brinca. Minha resolução está tomada; procurei-vos para anunciar a D. Francisco!

— Tal não farei; ocupá-lo com nonadas!...

— Fá-lo-ei então eu próprio, amanhã, com cedo.

Os dois amigos separaram-se frios.

A resolução de Fernando incomodava o alferes, bem como a recusa deste afligia profundamente aquele;