Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/58

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— Destes contentamentos livre-te Deus, Joaninha!... Riso por fora, e por dentro facadas!

— Ai! amores, amores! Rebentam em flores, o fruto são dores!... disse a mulatinha sorrindo e suspirando ao mesmo tempo.

Nisso o pajem descobriu perto o Brás:

— Olé! Queres ver, Joaninha, um riso gostoso?...

— Aquieta-te de uma vez, Gil!

— Espera um tantinho!... Ele vai chiar como carrapeta.

O menino lesto desceu do tocheiro, e chegando à parede, conseguiu, pondo o pé no plinto da coluna de mármore, suspender-se até a altura da arandela. Aí, com o disfarce de ver melhor, foi torcendo um brandão de modo a pô-lo sobre a cabeça do Brás; feito o que voltou ao seu lugar e esperou o resultado da travessura. Momentos depois os pingos de cera fervendo caíam sobre a mão do taberneiro, que repinicou de dor.

— Arre! casmurro!... Vês, Joaninha, como ele chora pitanga?... Ao menos esta semana, quando aperreares o pobre do Martim, hás de lembrar-te de mim!...

— Arrenego do taberneiro!...