Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/94

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— Não vos deixo tal, pois muito antes, por manhã, dita a missa da Sé, iremos ambos com mestre Bartolomeu Pires à sua Ilha da Maré, para onde nos convidou com uma peixada, a cujo efeito terá na Ribeira disposto um barco, dos muitos que possui. Uma vez lá, escolhereis entre esses o que melhor vos parecer para a empresa. Quando formos na volta da tarde, que o sol comece a descambar, aventarei a ideia de um passeio sobre a água. Irei eu de companhia com o Bartolomeu em um barco, e vós no tal que escolherdes com vosso pajem. A monção agora é boa, tomareis o leme e...

— O resto compreendo. Faço-me de vela, e vou mar em fora, rumo de São Sebastião. Ao passar por Esteves, tomo-o a ele e ao outro a meu bordo com o mantimento. Se os remeiros resistirem, há à cinta um meio de dobrar as vontades rebeldes. Só um ponto não o entendo eu.

— O como tomareis o mantimento sem logo excitar suspeitas?... O Esteves, bem industriado, vos bradará socorro, por lhe ter aparecido um rombo na canoa.

— É coisa de maior alcance. O barco não nos pertence. É honesto que nos apossemos dele assim?