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Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/113

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Deus a ouviu.

Foi justamente nesse momento que a seta despedida por Estácio, atravessando o aposento e cravando a parede, lhe trouxera as letras queridas de seu amante e o fio condutor que devia levar a resposta. Nos primeiros momentos que sucederam a essa feliz surpresa, Elvira não teve alma e vida senão para a carta de seu amante. Cristóvão nada lhe dizia que ela não soubesse; eram juras e protestos, mil vezes repetidos de um amor ardente; eram suspiros de saudade e gemidos de desventura, como ela também exalava. Mas isso escrito pela mão amada, valia como carícias vivas, encerradas no papel, que ao abrir se atiravam às faces e ao seio da donzela para afagá-la.

Quando o tiro soara, ela acordou do seu doce enlevo. Sua aflição durou até a gargalhada do capitão de mato e as palavras por ele proferidas que a tranquilizavam acerca da vida de Cristóvão naquela noite. Mas podia não ser ele outra vez tão feliz, e já ela se acusava de o haver exposto à morte, chamando-o a si.

Nestas inquietações passou até a noite seguinte, em que novo acidente a veio distrair. Uma segunda flecha penetrou como a primeira no aposento, trazendo-lhe um recado de Cristóvão: