Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/151

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instrumentos que o advogado havia a pouco e pouco nas suas visitas trazido ocultos nas vestes. Vaz Caminha, afastando o tapete do oratório, descobriu o ladrilho; um dos tijolos quadrados estava solto, e por baixo dele via-se um buraco profundo, dentro do qual surgia já a meio descoberto o tampo de uma caixa de jacarandá embutida de cobre amarelo.

Sentados de um e outro lado do buraco, a dama e o advogado puseram-se à obra, ele cavava, ela recolhia a terra sobre uma manta de lã, donde era depois espalhada pelo jardim. A cabo de uma boa hora de trabalho incessante ouviu-se um ligeiro rumor subterrâneo.

— Eles que chegam! murmurou Dulce.

O advogado restabeleceu as coisas como estavam. Logo soou a pancada surda de um instrumento cavando subterraneamente o chão da casa; fácil era de perceber pelo foco do ruído o lugar até onde já tinha chegado a mina; mas outro indício ainda mais certo era a natureza do som, que indicava ser retinido do ferro sobre a pedra.

— Temos tempo de sobra, disse o advogado. Agora é que estão no alicerce desta parede, que os há de demorar seguramente oito dias!...