Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/216

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— Retira-te de minha presença!

— Eu obedecerei, pai; mas quero levar a promessa de que abandonarás teu intento.

— Mais do que nunca insistirei nele, para vingar em ti a religião de meus pais que traíste, e em teu amante a minha honra que profanaste.

— Insultas tua filha? Eu te perdoo, porque a cólera te cega; senão havias de te lembrar que não podes tu, pai, me pedir contas de tua honra!

O velho vergou a fronte encanecida. Tal é o poder da virtude que aquela fronte respeitável, ornada de uma tríplice coroa, de paternidade, sacerdócio e velhice, se humilhava subjugada ao olhar límpido de uma virgem.

— Espero tua promessa, pai!

— Deixa-me!

— Se ma recusas, serei obrigada a avisar de teus intentos aquele contra quem tramas!

— Completa a tua obra! Denuncia teu pai, fruto perverso de meu sangue!...

— Te denunciarei, sim, pois que é esta a palavra; te denunciarei para ter o direito de aceitar a vida e liberdade tua que me foi por ele concedida.