Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/22

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pereceram!

— É bem possível. Um dos homens que eu havia assoldado para acompanhar-me, remexendo com a ponta de um chuço naquele monturo de ossos e trapos, espetou uma bolsa de malha; e abrindo-a na esperança de topar com alguma moeda, achou um rolo de papel. Quis o acaso que observando-o à distância, me achegasse a tempo de ler-lhe por cima do ombro a palavra roteiro. Apoderei-me logo do manuscrito, que pelo rótulo conheci pertencer ao famoso Robério Dias, do Salvador, filho de outro de igual nome, por alcunha Moribeca, descobridor das minas de prata.

— E o manuscrito?... disse com paciência evangélica o P. Molina.

— Deixe V. Paternidade que conclua de uma vez; depois conversaremos do mais. O homem, que achara a cinta, não sabia ler felizmente; mas da primeira palavra ROTEIRO que me escapara, concebera ele suspeitas, ainda que erradas, do valor do papel. Era em 1604, e então já envelhecida a história das minas de prata que tanto rumor fizera, começava a ganhar muita voga a fábula da cidade encantada ou reino do el-dorado. Para aí torceu a