muitos anos depois do acontecimento, reconstruído a verdade, dissipada pela sombra dos tempos? Ou seria quanto escrevera ele um tecido de fábulas para bordar essa misteriosa invenção das minas de prata, com que a par de outras, se embalava a imaginação popular?
A obra do P. Soares tinha o cunho da maior exatidão; ele a bebera na fonte da história, onda sonora que desliza mansamente através das idades; na voz dos séculos, que vulgarmente chamam tradição oral, não impura e toldada, como muitas vezes aparece à tona da publicidade, mas límpida e pura, filtrada pela consciência religiosa no confessionário.
O confessionário foi, como o púlpito, outro grande pedestal da influência dos jesuítas; de um moviam eles as massas do povo sob a invocação de Deus; do outro perscrutavam a consciência, o sacrário da família, e dirigiam as forças vivas da sociedade: o povo, a robustez física, o braço possante; a educação, o poder intelectual, a cabeça diretora; que mais lhes faltava para a teocracia, senão a consagração do nome?...
Foi no confessionário que o P. Soares, durante anos de inquérito, apanhou os fragmentos esparsos