Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/296

Wikisource, a biblioteca livre

O mancebo apareceu galhardo e gentil sob as vestes pretas que trazia no dia de Ano-Bom. Vaz Caminha saiu fora no quintal para fazer chegar o cavalo. Dulce, aproveitando esse momento, arredondou os formosos braços em torno da cabeça do mancebo, e pousou-lhe um beijo na fronte. Ao olhar surpreso e interrogador respondeu um sorriso meigo:

— Vossa mãe vos beijaria neste instante. Ide, e sede feliz, Estácio, como vos eu desejo!...

Ele beijou as mãos da gentil senhora, e partiu a galope para Nazaré. Levava por cima das roupas a capa escura e com ela rebuçava-se para não ser conhecido.

Minutos depois apeava à porta do fidalgo. Atravessando os corredores para chegar à sala onde o pajem o conduzia, passou diante de uma porta lateral entreaberta. Inesita, sentada no aposento, ao rumor dos passos ergueu os olhos, e encontrou os do mancebo fitos nela. A alma de ambos no primeiro movimento precipitou-se, uma para a outra, com tal força de atração magnética, e tão grande ímpeto que abandonou o invólucro,